Criopreservação, como funciona?

A criopreservação é uma técnica utilizada para a preservação da fertilidade, que pode ser feita através do congelamento dos gametas (óvulos, espermatozoides) e/ou embriões. Em 1984, foram feitos os primeiros registros de gravidez através de embriões criopreservados. Trata-se de um tratamento de reprodução assistida feito com o acompanhamento de médicos especializados. 

Como funciona o congelamento?

A criopreservação é realizada em três etapas: adição de crioprotetores, congelamento e armazenamento.

Os crioprotetores são substâncias que protegem os óvulos, espermatozoides e embriões das baixas temperaturas do congelamento. O material coletado na clínica é identificado, congelado e preservado em nitrogênio líquido a -196ºC.

Como é feita a coleta de óvulos?

Todo o procedimento leva em torno de 10 a 14 dias, começando com uma ecografia transvaginal na mulher para avaliação da reserva ovariana. A partir disso, ela inicia o uso de hormônios por cerca de 8 a 10 dias e realiza outras ecografias para avaliar o crescimento dos folículos, que são as estruturas nos ovários onde ficam os óvulos. Quando atingem um determinado tamanho, é agendada a coleta dos óvulos, feita via vaginal sob sedação. O procedimento leva em torno de 15 a 30 minutos.

Os óvulos são avaliados quanto a sua qualidade, identificados e congelados. Após ficar em observação por cerca de 2 a 3 horas, a paciente é liberada para casa, permanecendo em repouso naquele dia. Estima-se que o ideal seria congelar pelo menos 12 a 15 óvulos, podendo a paciente repetir o procedimento caso seja necessário.

Como é feita a coleta de espermatozoides para congelamento?

A primeira maneira de obter os espermatozoides para criopreservação é pelo ejaculado, a coleta por masturbação deve ser feita na clínica onde será realizada a criopreservação.  

A criopreservação é indicada especialmente antes de tratamentos oncológicos, como a quimioterapia e radioterapia pélvica, bem como antes da vasectomia. Dependendo do número de espermatozoides e qualidade do material coletado, pode ser necessário mais de uma coleta para melhor acúmulo dos gametas.

Em  situações onde o paciente não tem espermatozoides no ejaculado, podemos realizar procedimentos cirúrgicos para a sua obtenção. É o caso do homem que já fez vasectomia ou que apresenta azoospermia. Este procedimento pode ser feito através de punção ou biópsia testicular, com anestesia local ou sob sedação. Neste caso, a quantidade de espermatozoides para o congelamento é menor e depende da qualidade do material coletado. 

Embriões podem ser criopreservados?

Como nem todo óvulo que recebe um espermatozoide na fertilização in vitro (FIV) forma efetivamente um embrião, nos tratamentos é comum fazer este procedimento com mais óvulos para aumentar a chance de sucesso. Dessa maneira, pode-se resultar na formação de mais embriões que os possíveis para serem implantados no útero: no máximo 2 embriões até 37 anos e no máximo 3 embriões acima de 37 anos da mulher.

Os embriões excedentes são criopreservados e assim podem ficar por tempo indeterminado. Caso o tratamento atual não resulte em gravidez, no ciclo menstrual seguinte esses embriões podem ser descongelados para uma nova tentativa, ou podem ser utilizados para uma nova gestação no futuro. No Brasil, atualmente, embriões criopreservados só podem ser descartados com ordem judicial. 

Em caso de dúvidas, busque sempre por profissionais especializados.